
A aprendizagem de escrever um livro sobre aprendizagem
Quando o Alexandre Teixeira me chamou pra ser coautora de seu próximo livro eu fiquei muito entusiasmada. Como não poderia deixar de ser! Além da admiração por ele e pelos seus outros 3 livros, esse é bem o tipo de desafio que me motiva. Logo pensei: “Que incrível, vai ser uma oportunidade para organizar tudo o que venho pensando sobre aprendizagem nos últimos anos!”.
Mas não foi bem assim que aconteceu. Foi muito melhor. O que o Alex já tinha preparado para o nosso livro me levou pra muitos lugares inesperados, me colocou em contato com um monte de conteúdo que eu não conhecia. As pesquisas que ele fez, as entrevistas com quem está no mercado no Brasil vivendo essa transformação digital, tudo isso me provocou a dar muitos passos além de organizar o que eu já sabia. Eu fui impulsionada — ainda bem! — a acelerar meu próprio aprendizado sobre esse mundo das tecnologias e sobre como isso vai mudar a nossa forma de aprender. Já está mudando.
Valeu, Alex!
;)
O resultado, que vocês verão na íntegra em breve, é um panorama composto por visões múltiplas a respeito do encontro do mundo das tecnologias e o da aprendizagem. Obviamente não dá pra cobrir todos os aspectos ou esgotar nenhum deles, mas dá para ter uma boa ideia do que está em jogo — e mudar nossa forma de entender essas expressões que ficam um pouco esvaziadas às vezes, pela repetição: lifelong learning, learning in the flow of life ou in the flow of work.
O ser humano sempre aprendeu ao longo da vida mas, em algum momento, passamos a entender como aprendizagem apenas aquela formal, ligada a uma instituição e com diploma. Quando nos perguntam “o que você estudou?” tendemos a responder nossa faculdade. Artes Cênicas, diria eu — sendo que participei semana passada de uma aula incrível sobre Inteligência Artificial com o Adriano Mussa (que, aliás, deu uma entrevista para o livro!).
E deixamos a aprendizagem assim por muito tempo: delimitada a um tempo — espaço específicos.
Mas agora, com a velocidade e a qualidade das mudanças em curso, não basta a gente ter a clareza de que sim, aprendemos todos os dias. É preciso aprender intencionalmente, conscientemente e de forma constante. Conectar trabalho e aprendizagem, vida e aprendizagem. Não é só uma questão dos formatos em que isso é entregue para nós, que são muitos e cada vez mais ricos — o microlearning, os conteúdos mais densos e longos, os customizados, as curadorias, as pílulas de conhecimento, as plataformas adaptativas etc (misturando aí de tudo um pouco). É muito mais a nossa relação com a construção desse percurso.
Lifelong learning, hoje, não significa apenas aprender sempre: significa aprender a aprender e entender do mundo da aprendizagem. Saber navegá-lo. Porque não basta consumir conteúdos, mesmo que de boa qualidade. Cada vez mais precisamos ser curadores de nossa aprendizagem ao longo da vida, de forma consciente e autoral. E, para isso, compreender o mundo da aprendizagem é essencial.
No livro passearemos por esse repertório, abordando tópicos como a realidade da educação básica no Brasil e no mundo; experiências de uso das tecnologias em projetos educacionais na África; o sistema das EdTechs no Brasil; transformações nas tecnologias e modelos de educação dentro das empresas; o que é curadoria e porque ela é essencial para nos tornarmos lifelong learners no mundo de hoje.
Existem milhões de soluções no mercado que prometem resolver as nossas necessidades de aprendizagem. Mas decidir com propriedade quais acessar nos tira do papel de meros consumidores para assumirmos o leme desse navio. Para isso, é preciso conhecer os instrumentos de navegação. No livro apresentamos alguns deles e aqui, começando hoje, vou compartilhar um pouco desse processo de descoberta.
Espero que seja uma viagem interessante e que desperte a sua curiosidade para criar seus próprios percursos.