Aprendiz Ágil: o livro plataforma

Desde o dia 22 de setembro, eu e o Alexandre Teixeira temos tido diversas conversas a respeito de nosso livro recém lançado, Aprendiz Ágil (Arquipélago Editorial, 2020). Essa sequência de lives e gravações de podcasts, acolhidos por organizações e pessoas de perfis diversos, tem sido um surpreendente processo de aprendizado, escuta, e criação de novos entendimentos sobre o nosso próprio livro.
Aos poucos eu vim percebendo que o mais interessante de escrever um livro não é — ao contrário do que possa parecer inicialmente— marcar no papel de forma estática nosso conhecimento sobre um tema. Esse processo sem dúvida alguma é valioso, ainda mais em tempos de informações tão voláteis.
Mas o mais precioso mesmo é o quanto um livro tem potencial de deflagrar novos diálogos em torno de questões que nos são extremamente relevantes.
E nós estamos aproveitando cada uma das oportunidades de falar sobre o livro para ouvir, refletir e criar. A partir do que nossos anfitriões trazem, perguntas que chegam do público, feedbacks que recebemos e novas conversas entre nós, os coautores.
É uma continuidade que honra a história do livro. Aprendiz Ágil foi escrito em verdadeira coautoria, colaboração efetiva entre Alexandre e eu. É interessante notar hoje o quanto tivemos escuta para perceber que o livro estava revelando a que vinha durante seu processo de criação: pesquisa, entrevistas, escrita, revisões, leituras, cortes.
Outro elemento que também se esclareceu durante o fazer foi a minha própria motivação em escrever um livro sobre aprendizagem: reaproximá-la das pessoas. Simples assim.

Vejo como extremamente positivo o movimento atual de valorização do lifelong learning, a elevação da aprendizagem a tema central nas organizações e a efervescência do mercado da educação. Mas um incômodo sempre me acompanha: muitas vezes, esse movimento coloca a aprendizagem na lógica do consumo. Afasta esse processo tão orgânico das pessoas, como se a gente precisasse comprar conteúdo, comprar metodologia, comprar processos que tragam certificações. Ou, pior ainda, a lógica do consumo que não apenas quer nos vender algo, mas que nos alija de nosso papel criativo.
Nas nossas lives, algumas ideias em torno desse eixo foram ganhando eco e se fortalecendo pelo sentido que ganharam no diálogo.
Algumas delas:
Aprender não é consumir; é sempre construção de conhecimento e não transmissão.
Não existe aprendizagem neutra, sempre traz uma visão de mundo. Isso é importante, em todos os processos.
Autoria e criatividade, no lugar de protagonismo e utilitarismo.
A aprendizagem é uma questão complexa e vai muito além do indivíduo. Organizações e governos também têm suas responsabilidades.
A busca é pela aprendizagem com sentido, não pela aprendizagem apenas “divertida”, “leve”; queremos consciência e intencionalidade, e não “aprender sem perceber”.
Qualquer receita pronta será incompleta e insuficiente.
A personalização pode ser boa, mas não é a salvação de tudo.
Aliás, não há salvacionismo na aprendizagem.
Essa não é uma lista exaustiva, mas algumas questões que estão emergindo dessas conversas e que, para seguir debatendo, vou continuar formulando aqui neste canal. Por meio de alguns pequenos artigos.
Na expectativa de gerar novas conversas e novas ideias. ❤
E que sigamos no espírito do Aprendiz Ágil: criando continuamente novos sentidos para o ato de aprender: construir, cocriar e compartilhar conhecimento.
